smoke on the water

Cara... e eu reclamava daquele calorzinho de 4°... eu devia era agradecer!
Só pra dar uma idéia do Estado hoje: alguns termômetros marcavam 2° (o caso do mais próximo da minha casa) em Porto Alegre, em Bagé e Dom Pedrito, -3°... e em Santa Rosa fez -4°. Vim ouvindo no carro a Gaúcha e cada vez ficando com mais frio, só de escutar. Aqui, conforme íamos vindo, o sol ia levantando cada vez mais e formando aquela aura dourada em torno de tudo que tocava. Ao fundo se via a neblina, o frio que o sol não deixava subir... e dos bueiros, fumaça, pareciam fornos. As pessoas na rua se agasalharam como puderam hoje: manta, touca, luvas, poncho... e se bobear, o pessoal sai de edredon enrolado. Saí meio atrasada, com a bolsa pendurada no ombro, meu pai já me esperava no carro do lado de fora da garagem... e quando eu passei pela porta senti o ar frio nos pulmões, e aquela sensação maravilhosa de ser gaúcha e poder fazer fumacinha (que eu acho um charme) e de ter crescido assim, em cada fase tendo uma lembrança de cada inverno. O inverno de Dom Pedrito, nas férias de Julho, a geada na rua e os gelinhos que se formavam nas poças e nos vasos da minha vó. Lembro que a gente andava de kombi com o vô, na carroceria, pra sentir o frio pra valer e ver o nariz congelar, minha prima menor ia dentro com ele e carregava um cachorro feioso que ela adorava, e meu primo mais velho descia quando a gente tava bem longe de casa e o vô ensinava ele a dirigir. Aí ele, bem exibido, arrancava e freiava pra derrubar a gente lá atrás. Depois, em casa, de noite ninguém conseguia sair na rua, então a gente disputava com as roupas num varal montado de última hora um espacinho na frente da lareira. Aquela lareira queimou de tudo: madeira, jornal, bonecas, até dinheiro, que uma vez a Luana trouxe não sei de onde e até hoje não se sabe de quem era o dinheiro que ela jogou lá dentro. Garanto que hoje ela não faria isso... hehehe.
Aqui em Porto Alegre me lembro que ia de "escolar" todo dia, e como era a segunda a ser pega, o "tio da escolar" (Tio Paulo... que saudade!) buzinava e eu dava um píque (corria o mais rápido que podia) da porta de casa até me atirar pela porta do ônibus, meio esbaforida, meio dormindo ainda, ele sorria (não era muito de falar) e eu ia pro fundão. Em questão de minutos a bagunça já era tanta que nem se pensava em frio. O difícil era educação física... ui! Tudo tava gelado... a rede do vôlei, a grama, os equipamentos, tudo. E o ginásio do Cruzeiro do Sul era um iglu, parecia que tudo era feito de gelo.
Até hoje eu ainda me divirto com o frio, as fumacinhas, adoro os dias cinzas gelados e que me permitem andar mais de uma quadra sem suar que nem uma porca.
Meu pai veio me contando no carro que quando ele era piá (lá em Dom Pedrito também...) ele ia pra o colégio quebrando o gelo que ficava nas valetas e que lembra de ter congelado umas quantas vezes no caminho, tendo que ou correr, ou pular pra se aquecer.
Coisa boa frio, pra nós que podemos dar um jeitinho de combater.
Dormir de conchinha, tomar sopa quente, tomar vinho e quentão até ficar com a boca e os dentes roxinhos. Pipoca, filme, parque, tudo fica muito mais legal assim. Ao invés de correr do sol, a gente procura ele, nem que seja um filete que passe entre as árvores ou prédios, mas que dê pra sentir um pouco do calor daquela claridade.
Acho que já deixei claro por aqui que gosto muito de Porto Alegre, gosto muito do meu Estado, gosto muito de frio e amo muito tudo isso!
Então, deixa eu falar um pouco do meu peixe. Ontem uma alma fofa e caridosa deixou uma sacolinha aqui no meu cube com um aquecedor de aquários. Tenho que dizer que se peixe sorrisse, o meu gargalharia. Quando eu liguei na tomada e coloquei na água, começou a esquentar e o peixe se colocou entre o vidro e o aquecedor num espaço mínimo, como quem vai pra frente do fogo e esfrega as mãos descongelando. Ele realmente tava com fio! Tadinho! Agora eu acho que tenho um peixe feliz, satisfeito e faceiro, sem frio, sem fome, de que mais ele pode reclamar? Enfim, fecho esse capítulo achando que ceguei o coitado com o flash... enfim, nenhuma vida é tão fácil assim. Hehehehe :D
Sobre o Grêmio, segue o baile com o gaiteiro Odone. Go Go Go Grêmio! \o/


John, entre o aquecedor e o vidro :D