The colour of my dress

09:12am

Porto Alegre é uma fauna... e não digo isso no sentido ruim, mas várias coisas sempre acontecem, várias pessoas de vários lugares sempre participam, cada coisa mais maluca, mais estranha, mais inesperada.

Faz umas duas semanas que montaram uma tenda circense aqui no estacionamento da PUC... e ontem começou o Encontro Internacional de Igrejas. Tipo um Fórum Social Mundial, mas sem o acampamento e o barro, nem os banhos nus e nem os lança-perfumes. Pra ter uma idéia, tem um tiozinho que parece um MAGO, daqueles de cajado, túnica, barbão, um eremita de verdade! Parece que ele saiu das minhas cartas de Tarot! Eu fui no prédio 50 tomar café com o Panato, e presenciei um desfile MARAVILHOSO de cores, roupas, idiomas, cabelos, olhos, pernas, rodas, pessoas que vieram de longe pra cá, pro LADO de onde eu trabalho, e acho tão familiar. Um só problema: eu estava sem a minha câmera... :'( e quase chorei, mas ao meio dia vou almoçar no 50 de novo, e aí sim, vou tirar fotos e mais fotos! Fucking Addicted!!

Falando em Tarot... faz um tempo que não me dedico... ainda não perdi a mão, eu sei, porque esses dias coloquei as cartas pra um amigo, e "pimba", na mosca. Coloquei pra mim também, mas eu sou tão cabeça-dura que acredito mais nas minhas fantasias do que nas cartas. Preferi seguir meu script, semi-roteirizado por mim mesma, que dirijo, atuo, bato o martelo e ainda assisto, mesmo sabendo o fim.

Semana meio interiorana essa...

Ontem de noite vi no canal da Ulbra (48) o filme "Beleza Roubada", com a Liv Tyler. A única mulher no mundo que me faria sair do armário e ser lésbica é a Liv Tyler. Ela tem uma boca linda (vide pai), olhos azuis grandes, gigantes, meio estrábicos... e ela é tão branquinha... e ela é tão desengonçada... eu diria que é um elfo, se eu não soubesse que na realidade os elfos só vivem bem longe das civilizações.

Realmente eu tenho encontrado seres diferentes dos normais nesses últimos tempos. Tem uma Mago na PUC, um anjo de uma asa só que habita meu cérebro, e mais o meu amigo imaginário que insiste em apertar o "esc" com o pé esquerdo enquanto escrevo. Ele me deixa meio pirada quando trago ele pra Dell, porque fica correndo na minha mesa e mistura meus lápis separados por cores RGB, tenho até uma poltroninha inflável pra ele sentar e dados vermelhos pra ele jogar, mas ele insiste em atrapalhar minha concentração. E os meus people managers já se deram conta de que algo me desconcentra aqui. Como é que eu vou explicar pra eles que eu tenho um amigo imaginário?

Bom, pelo campo magnético e a posição da Terra em relação à Júpiter e Saturno, que estão em perpendicular à estrela IMYM, tá na hora do meu primeiro café do dia.

Já volto, ou não. =)

10:29am

Acabei de comrpar meu primeiro Dell!!! Um Optiplex GX280, lindo lindo lindo, com muuuuuuuuita memória, muuuuuuito HD, muito tudo!!! E tou muuuuito feliz porque vou financiar e ficar 18 meses pagando :T

That's the way of life :(

=D

10:44am

Sabe... eu ando sentindo falta das minhas coisas de antes...

Eu sinto falta daquele frio absurdo, da fumacinha da respiração, dos meus passeios na avenida deserta sozinha... eu, meu casaco, minha manta e meus pensamentos. Volta e meia me pego ainda naquele vento frio, que levava minhas aflições pra longe, que me trazia o cinza do céu pros olhos e me fazia sentir completa, por poder estar alheia, por poder estar sozinha, por poder falar sozinha pra eu mesma ouvir, e mesmo assim me sentir uma Drika diferente dessa que sou agora.

Eu não sei se eu precisava de mais, ou de menos, ou se nunca precisei nada mais do que um pedaço de papel e alguma tinta, mas as reflexões mudaram, parece que tudo muda a cada minuto, e que nunca mais vou poder me deprimir da forma romântica que antes... weird, eu diria, ou no mínimo meio egoísta.

O outono me faz falta... o tom sépia e o gosto seco do vinho, as manhãs geladas e as tardes mornas... as palavras cruzadas, meio cruzadas com os pensamentos, geralmente mais pensamentos do que palavras. E agora... mais palavras, menos sentimentos, gosto meio perdido da vida, meio absorto em responsabilidades e futilidades, uma eu meio eu mesma, sem nem saber porquê não ser como antes.

Não creio ter perdido minha infantilidade (que me sustenta) e nem ter enterrado minha felicidade no fim da psicodinâmica das cores, mas parece que ultimamente as cores têm um desfoque meio gaussiano, parece que o tempo tomou Modigliani e se estendeu por mais tempo... numa pincelada contínua e inesperada: "quando te conhecer por inteiro, pintarei os teus olhos"...

Weird, egoísta, simultâneo entre a sinceridade e o meu script, segue a vida, no calor de Porto Alegre, numa maneira diferente de sentir o frio, num ar-condicionado, e não na avenida como eu gostaria que fosse.

Nada mais como era antes.

Nada mais como poderia ter sido, nada mais além de suposições e maluquices perdidas nos tons de cinza.

However, I feel completely transparent. Maybe just a fucking crayon with no color.

(looking at the autumn shade...)

[na foto, eu em sépia]