abril 13, 2006

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Rabbit Eye



Acordei hoje com a sensação de que tudo seria maravilhoso.
Estava frio, o dia estava cinza, nublado, bem do jeito que eu gosto, e saudei a chegada da quinta-feira com todas as pompas de alguém sem noção: cantando na frente de casa "Beautiful Day", do U2, como se não existissem outras pessoas nessa véspera de feriado que costumariam estranhar uma cena dessas.
Em outras épocas, estaria na estrada com a família, indo pra Dom Pedrito, pra passar a Páscoa com os primos, primas, tios, tias e afamiliarados que já fazem parte desse velho costume "Bruzza". Eu pediria essa quinta-feira como day-off, se esse costume não tivesse acabado quando meu avô morreu...
E como me fazem falta as coisas de lá. A videira, uvas maduras, pequenas, docinhas, roxinhas... A árvore de bolinhas verdes da frente da casa, cinamomo, bolinhas perfeitas pra um cano de pvc com um balão na ponta. Meu primo me ensinou a fazer essa "arma" quase mortal, não fossem os adultos que escondiam de nós quando alguém chorava... e sempre alguém chorava.
Tinha um ferro-velho do outro lado da rua, com um calhambeque todo enferrujado que me rendeu algumas poucas e quase invisíveis cicatrizes, mas boas risadas e ótimas lembranças. A rua de terra, chão batido, era nossa inesgotável fonte de pedras no tamanho perfeito pra voar pra piscina do Clube vizinho.
Eu ainda lembro do cheiro das brincadeiras, da brincadeira de procurar os ninhos de páscoa, de achar o ninho alheio e extorquir algumas balas de goma na maior inocência, não fosse atingir alguns dos pecados capitais.
Sinto saudade, mas não faz falta, pois eu sei que logo estarão minhas sobrinhas, meu filho e as gêmeas ralando o joelho naquela mesma calçada, aquela mesma falação de Bruzzas de todos os tipos pela casa, camas aqui, ali e a velha chaleira que apita (e acorda esses mesmos Bruzzas) de manhã cedo. Fazia, faz e vai fazer coro com o galo da dona Titila (dinossáurica) e os Quero-Queros rabugentos que habitam o campo de futebol com a grama à meia canela, no mesmo Clube, com a mesma piscina, na mesma rua.
Não me canso de lembrar e relembrar.
Ainda mais que aqui é Páscoa também, mesmo estando na Dell Inc., em meio a lugares vagos, computadores desligados, gente em reunião, conference calls e cafés.
Mal posso esperar passar essa fase de reclusão da Bruzza-Mor, dona Zilda, pois imagino que a saudade dela tenha gosto de chocolate amargo, e que ela não queira ainda compartilhar a gritaria das crianças pequenas. Entendo.
Anyway, que essa páscoa traga coelhinhos, balinhas, ovinhos, fantasia, ou mesmo um dvd alugado de última hora na volta das compras no supermercado vazio.
Porto Alegre dá uma respirada, um tempo pro caos, pros mais românticos um bom vinho, pros solitários um bom livro.
Pra mim, nem tanto chocolate, mas um abraço de quem eu amo, que ainda não pode (ou deve) comer chocolate, mas que tem o sabor mais doce que eu já provei na vida.... =)
[na foto, meu coelhinho preferido]

abril 04, 2006

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(no) Even Flow




Conversei esses dias com uma amiga de uma amiga, pedagoga, dava aula pra crianças de primeira e segunda séries, séries iniciais, como ela definiu. Ela é partidária do movimento anti-Globo, anti-RBS, anti-ZH, PTista e meio anarquista, embora tenha parecido bem mais auto-anarquista do que qualquer outra coisa que ela possa transparecer. Pessoa de idéias abertas, idéias coerentes, informada e bem humorada... coisa que não é fácil pra quem tem idéias fortes e sustenta opiniões não-conformistas. Outro dia conversei com a Cacá (co-autora da minha vida) e ela também vai ser professora (não "tia") de crianças em séries iniciais.

Pensei na possibilidade quase extinta de poder trabalhar mentes frescas e estimuladas, ser uma alavanca de conhecimento. Oportunidade única, poder fazer isso todos os anos e dar a base necessária pra construir crianças-bomba (de chocolate), para que elas cresçam sempre crianças, fiquem adultos sempre crianças, idosos infantis. Não há adulto mais seguro de si do que aquele que identifica a importância das pequenas coisas e que busca o saber em mestres (Yodas ou não) mesmo que eles ainda usem fraldas.

O problema é que além de pagar mal, o Estado ainda não proporciona aos Mestres as ferramentas adequadas. Por quê se gasta tanto dinheiro em campanhas e mídia, se a verdadeira necessidade de informação é o livro, o material, a tesoura e a cola?
Tsc, tsc, tsc.

Não precisava o Bolsa-Escola. Só a Escola.

Pagaram a dívida externa, mas e daí? O Lula tem amigos desavergonhados, que na cara-dura chegam e metem a mão na grana... como se isso nunca tivesse acontecido. O Lula não fala inglês (mal e mal português), mas pagou a dívida externa. Grande coisa! O brasileiro foi pra o espaço...

Como se nunca o brasileiro tivesse ido pro espaço antes! Todo mundo sempre nos mandou pro espaço.
Por quê se fala nisso ainda?!? Quarenta anos depois de todo o resto do mundo ele foi! Mas e daí?!? E daí que o Brasil pagou a dívida externa. Acho que falar disso é bem mais interessante.

Acho que falar do desconto de 90% em remédios nas farmácias do Estado para medicamentos em falta nos postos (não me venha com hipocrisia dizer que remédio pra cachorro é mais barato... alguém já disse isso antes!), a luz que chega (devagar, mas chega) no sertão, isso sim, se deve falar.

Não sou PTista, sou realista.

Sei que por trás da luz que chega no sertão vem a Globo, vem a propaganda consumista, e eu como publicitária em andamento não deveria me referir à isso com essa opinião contrária.

Mas eu acredito (e vou trabalhar assim) que cada um deve ter a propaganda que pode e quer ter.

O Lula pagou a dívida externa... mas... e daí, não é mesmo?

No Brasil, é bem melhor falar da Copa.



=T


"wake up!"


[in red]